sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Lágrima de Sangue

Sinto uma lágrima de sangue escorrer em meu rosto. E um punhal encravado em meu peito. Minha alma em silêncio se entrega aos delírios do pecado. Suspiro com o tédio, desnorteadamente me encontro amargurada.
Lentamente minha poesia é despedaçada. No frio, e acompanhada da solidão, me afogo num profundo vazio, e não há nada que me liberte do deserto. E as palavras de meus pensamentos descem rasgando, queimando tudo que há dentro de mim, em meu coração gélido.
Venho sobrevivendo a erupção. Me encontro em meio à tempestade. Não enxergo nessas trevas, não entendo meu destino.
Em minhas veias circula o fél. Tenho talento para lamentações. Tenho muito além do que é meu: possuo ilusões. Sigo um roteiro frustrado do feitiço do fracasso. Meus fantasmas me assombram, e frutos do meu amor, fazem meu espírito aos poucos adormecer.
Não existe brisa suave em meu milagre. Não existe calor dentro do vulcão de minha paixão. Não há vida nos meus sentimentos doces. Minha sentença é o desencontro. A resposta da pergunta que não existe, me é inútil. E supremo é minha sede frágil de acender a chama.
Meus maus pensamentos devoram minha paz, dilatam e contagiam minha loucura. Meu mundo cruel, coração réu. Por mais que a luta pela liberdade esteja acontecendo, parece seguir em meio ao vão. Ao léu. Essa é a punição que me torna pálida no escuro da noite.
Como se as nuvens sangrassem, e tingissem de uma cor tépida o calor. Como se o sol brilhasse sombrio. Como se a lua e as estrelas morassem no fundo de um oceano. Não é intenso, muito menos imenso. É imprópria a confidência, meu ferimento, na relva congelado. Por que mostrar a dor se ela é invisível? Não há quem cure o que machuca por dentro além de si mesmo.
Apesar do ardor, essa dor que de porcelana que constrange meus segredos, e parece ser imortal, torna traidor os meus olhos de cristal. Minha agonia trava batalhas imensas em minha pequena porém encantadoramente grandiosa mente.
Sensibilidade do meu canto solitário. Compartilho meus pensamentos enigmáticos. E o orvalho que transpira, serena, mancha a imagem que nem sei. Suavemente minha explosão se desenha ao meu redor. Não me lembro onde deixei minha alma adormecida.

Um comentário:

  1. As lágrimas de sangue só sairão de seu rosto quando despertar sua alma adormecida e admitir que as escolhas do passado, apesar de dolorosas, não devem interferir nas escolhas do futuro. Use seus fantamas como armaduras e não como a espada que se volta contra o seu portador, conte com eles para encontrar a paz!

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